A alfabetização inicia antes da criança segurar um lápis. Esse processo começa na escuta atenta, no brincar simbólico, na curiosidade que surge quando uma criança pergunta: “o que está escrito aqui?”. Para isso, é necessário criar um ambiente além do ensino, focando na valorização do que cada criança já sabe ou sente para criar um ambiente de experimentação, brincadeiras e descobertas.  

Nessa idade, usar elementos lúdicos ajuda no desenvolvimento da leitura e escrita. Na Escola de Educação Infantil Geny Biagioni Veiga, por exemplo, ao observar o interesse espontâneo das crianças pelas vogais do alfabeto móvel – letras avulsas que podem ser manipuladas para formar palavras e frases –, a professora Juliana Cristina Bonfá propôs uma brincadeira: “e se a gente juntasse as vogais?”

Por meio dessa atividade, os alunos compreenderam a pronúncia de cada vogal e, consequentemente, formaram palavras simples: “Ai”, “Oi”, “Eu”. Em segundo momento, Juliana instigou os alunos a responderem: “o que significa isso?”. Dessa forma, as crianças entenderam o significado dos termos e os representaram em imagens para facilitar a memorização. 

“Apesar de partir de uma brincadeira, a atividade trouxe uma evolução na pré-alfabetização das crianças. Trabalhar com a parte lúdica é eficaz, eles aprendem brincando”, explica a professora.

Porém, essa prática não precisa se restringir apenas à escola. Para ajudar no desenvolvimento da leitura de forma sutil e prazerosa em casa, você pode propor algumas atividades simples:

• Histórias em quadrinhos: leia junto com a criança, apontando para as figuras e para as palavras, ajudando a relacionar a ação dos personagens com o que está escrito.
• Criar listas: escolha um tema, como “quais são as suas três frutas favoritas?”, e peça que ela recorte imagens em revistas ou figuras impressas. Durante a atividade, conversem sobre o nome de cada fruta e identifiquem juntos qual é a primeira letra, destacando o som inicial. Por exemplo, ao mostrar a banana, diga devagar: “Baaaa-na-na”, chamando atenção para o som do “B”.
• Jogo do som: escolha um objeto e peça para a criança descobrir com qual letra inicia a palavra. Exemplo: sapato, pronuncie devagar e pergunte, com que letra começa? 

Essas práticas simples têm como proposta um princípio importante: alfabetizar respeitando o tempo e o desejo da criança. O ponto de partida não precisa ser uma apostila, mas um olhar voltado para aquilo que a criança tem como interesse. Por isso, é importante ter a visão de que a educação pode e deve ser divertida.