Educandário participa da 1ª Maratona Brasileira de Leitura, que estimula o hábito de ler em todo o país
Apesar de ter desenvolvido o hábito da leitura ainda muito cedo, a relação de Anna Lívia Rodrigues Martins, 14, com os livros mudou ao ingressar no Colégio Camillo de Mattos. Para ela, os encontros de leituras partilhadas a ajudaram a refletir sobre as próprias percepções diante das diferentes opiniões sobre o mesmo livro, além de fortalecer o vínculo com os colegas. “Não é uma leitura supérflua. A gente se conecta, discute e discursa sobre aquele tema”.
A estudante do 9º ano destaca ainda o quanto a prática a ajudou a desenvolver senso crítico e ampliar o repertório cultural. “A leitura sempre foi um refúgio quanto aos meus pensamentos, mas também se tornou uma forma de aprendizado e de interpretar o mundo. Ela virou um pilar da minha personalidade e da minha construção como pessoa.”
Em setembro, essa e outras práticas de incentivo à leitura realizadas nas unidades da Fundação Educandário integraram o movimento literário da “1ª Maratona Brasileira de Leitura”. A participação da instituição reforçou o compromisso contínuo de estimular o hábito da leitura e valorizar a troca de experiências literárias em múltiplos espaços educativos, alcançando pessoas de diferentes idades e interesses.
Nas unidades de Educação Infantil, por exemplo, o estímulo à leitura começa cedo. As histórias ganham forma em brincadeiras, vozes e cores. Segundo a professora da Escola de Educação Infantil Geny Biagioni Veiga, Graziela Aparecida Vezzoso, “os pequenos entendem mais quando podem visualizar”. Durante as atividades, as educadoras mostram gravuras dos personagens, reforçando o conteúdo aprendido. “Quando mostro o leão, eles já fazem ‘grrr’”.

Graziela também reforça a importância de ler para crianças dessa idade: “O livro ensina! Nessa fase, eles estão construindo a oralidade e a leitura ajuda com isso”. Para ela, a ludicidade é uma aliada na abordagem de temas sensíveis. “No livro ‘Qual a cor do amor?’, falamos sobre como toda cor é bonita. Eles não sabem o que é preconceito, mas entendem que eu sou diferente, você é diferente, e que a diferença é bonita”.
Essa conexão com os livros se estende para além das escolas. Um dos clubes de leitura da Biblioteca Sinhá Junqueira (BSJ), o Lendo Luto, propõe reflexões sobre a perda a partir da literatura. Para a funcionária pública, Aline Dias Garcia, 37 anos, o clube foi a oportunidade de retomar o contato com os livros que havia diminuído por não passar tanto tempo no transporte público como na capital paulista.

“Participar dos clubes me fez retomar esse hábito e, no caso do Lendo Luto, foi além: encontrei pessoas que transformaram a dor em partilha. Ao falarmos sobre a morte, falamos sobre a vida. Cada livro desperta memórias, afetos e novas formas de olhar o mundo. É um lugar seguro, onde é possível se reconhecer nas histórias dos outros”, afirma a funcionária pública.
Entre os corredores das escolas e as rodas literárias da Biblioteca Sinhá Junqueira, o Educandário segue construindo pontes por meio das palavras. Como resume a professora Graziela: “O livro pode te levar muito longe. Se a criança entende desde cedo que o livro é um aliado, a vida dela flui com mais riqueza. Porque o livro é um amigo e quem aprende isso cedo, leva para sempre.”