“O Educandário me ensinou a ver cada pessoa como um indivíduo, não como um número”, diz ex-aluno João Bertin
Quando está em sala de aula, João Pedro Bertin Cruz leva consigo a lição aprendida ao longo dos nove anos estudando no Colégio Camillo de Mattos da Fundação Educandário: o olhar de cuidado com o próximo. Não à toa, durante as aulas de matemática sempre ajudou os colegas com mais dificuldade. “Sempre quis transmitir o que aprendi”, afirmou.
Esse lema ultrapassou o tempo e o muro da escola. Aos 21 anos, João não se esqueceu da importância da empatia, muito menos da educação. Ele inverteu o papel de aluno para o de professor e, há dois anos, ensina usinagem, logística, CNC (sistema utilizado para o controle máquinas utilizadas, principalmente, em tornos e centros de usinagem), desenho técnico e outras especialidades aos estudantes de uma escola profissionalizante de Ribeirão Preto – SP e Orlândia – SP.
Apesar do amor pela profissão, João não desejava seguir a carreira. “Eu queria ser mecânico. Como, para mim, matemática era muito fácil, eu explicava para os meus colegas. Um dia, a professora chegou em mim e disse: ‘eu sei que você não quer ser professor, mas você tem vocação’. Eu não levei muito em consideração, mas nunca esqueci disso”.
Durante o curso de mecânica e usinagem, surgiu a oportunidade de tornar-se instrutor. “Decidi ver no que daria, fui e gostei”. Segundo João, a Fundação Educandário influenciou tanto na escolha de ser professor, quanto no interesse por mecânica, que surgiu durante as atividades na extinta gráfica da escola. “Na gráfica, eu via muito manual e parte de funilaria. Foi ali que desenvolvi meu gosto pela área”.
A influência da instituição não se limitou apenas à escolha profissional, João também transmite todo o cuidado e carinho que recebeu dos educadores aos alunos dele. “A Fundação Educandário me ensinou a importância de ver cada pessoa como um indivíduo, não apenas como um número”, relatou.
Outro ponto destacado por ele foi a responsabilidade adquirida durante as atividades extracurriculares na escola. “Fiz teatro, vôlei, salto em altura, salto em distância, beisebol, futsal, gráfica e funilaria. Eu tinha meus próprios horários, isso ajudou a construir as minhas responsabilidades desde cedo”, explicou o ex-aluno.
Para João, poder estudar no Colégio Camillo de Mattos e participar do projeto EducaJovem foi um privilégio. “Sempre escutamos muito bem sobre toda a história da Fundação e dos educandos”. Além disso, completa: “Eu levo o carinho que os professores tinham comigo. Eu considero a Fundação Educandário como minha família. Eles construíram essa parte de mim e levo eles para a minha vida. Sempre que posso, retorno para conversar com os alunos [da Fundação Educandário]”.