“Na Fundação Educandário, eu tive a certeza de que queria ser professora”, afirma Jéssica Rios.

A criança é feita de cem.
A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de pensar,
de jogar e de falar.
Cem, sempre cem modos de escutar as maravilhas de amar
Cem alegrias para cantar e compreender.
Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar.
Cem mundos para sonhar.. (…)
Loris Malaguzzi*
Nesse universo de cem, a professora da Educação Infantil da Fundação Educandário, Jéssica Rios Lorente, enxergou uma única possibilidade: educar com acolhimento. Para ela, “o afeto é uma forma de ensinar” e por isso escolheu estudar pedagogia.
Apesar do amor genuíno por crianças, quem notou a aptidão dela com os pequenos foram as antigas colegas de trabalho. “As meninas falavam: ‘você se dá bem com criança. Quando passa uma no seu caixa, você brinca. Vai fazer pedagogia!’”, relembra a educadora.
Porém, o mesmo motivo responsável por aproximá-la da área quase a afastou da profissão. Em uma experiência anterior, encontrou uma escola sem acolhimento: nem para as crianças, nem para ela. “Me deu aquela certeza: ‘não, eu não quero mais isso’”.
Desanimada da pedagogia, buscou uma nova chance e, ao chegar na Fundação Educandário, sentiu a chama reacender: o afeto voltou a guiá-la, a escuta ganhou espaço e o propósito inicial retomou força, iluminando novamente o caminho dela na educação.
“Na Fundação Educandário, eu tive a certeza de que queria ser professora. Muito pelas influências daqui e por ver um ambiente oposto do anterior. O acolher das crianças e das famílias é bem diferente”.
Nessa trajetória de cinco anos, o afeto deixou de ser apenas uma inspiração para se tornar ferramenta diária de transformação. Entre primeiros passos, conquistas e abraços apertados, ela vê, em cada olhar confiante de uma criança, a confirmação do caminho escolhido.
“Vibro a cada conquista. É como se nos tornássemos uma família. No começo do ano, os bebês chegam com medo e vamos conquistando eles e as mães também, porque elas têm a confiança de deixar o bem mais precioso delas com a gente”.
Para Jéssica, vivenciar diariamente as cem formas de as crianças serem “é mágico”, principalmente quando o acolhimento é o principal guia. No Educandário, inicialmente na EEI Fábio Musa e, nos últimos oito meses, na EEI Geny Veiga, percebeu que educar pode ter sim muito afeto.
“Para mim, o papel do professor vai além de educar, ensinar, proteger, é formar vínculo. Essa é uma forma de transformar a vida da criança positivamente.”
*Loris Malaguzzi, foi pedagogo e professor italiano, que acreditava nas múltiplas linguagens e formas de sentir na infância.
Escrito por: Karla Rodrigues