Birras: por que acontecem e como lidar de forma saudável?

O que a ciência explica sobre a birra
Imagine a seguinte cena: no supermercado, uma criança, depois de ouvir um “não” dos pais, começa a chorar, se jogar no chão e gritar. Para quem observa de fora, pode parecer apenas uma birra ou falta de limites. Porém, a ciência mostra que esse comportamento tem uma explicação: o córtex pré-frontal.
Essa região do cérebro é responsável por controlar impulsos e emoções, mas ainda está em desenvolvimento durante a infância. Por isso, é natural que as crianças tenham mais dificuldade em lidar com frustrações, expressando os sentimentos de forma intensa e, muitas vezes, desafiadora para os adultos.
Mas como lidar com as birras?
Como essa é uma característica da imaturidade cerebral, ajudar a criança a assimilar os próprios sentimentos contribui para o desenvolvimento emocional e, consequentemente, diminui as crises de explosões emocionais. Porém, é importante entender que este é um processo, não é uma mudança instantânea.
Quando a criança fizer birra, opte por uma abordagem mais emocional. Diga frases como: “sei que está chateado porque não compramos o brinquedo. É difícil quando a gente quer uma coisa e não pode levar”. Frases racionais como “não tenho dinheiro, mês que vem eu compro”, não são eficazes até os 4 anos, pois os pequenos ainda não têm noção de tempo.
Nesse processo, a postura do adulto faz toda a diferença. A coordenadora pedagógica da Escola de Educação Infantil Dr. Fábio dos Santos Musa, Josiane Galanti, explica:
“Nós, adultos, precisamos acolher as emoções das crianças, mas sem ceder à birra. É essencial manter um tom de voz calmo e firme, reforçar atitudes positivas e mostrar segurança e estabilidade”.
Ela também destaca a importância de oferecer alternativas para ajudar a criança a controlar as emoções: “Perguntar o motivo da raiva e dar opções de como lidar com isso ensina a nomear e compartilhar sentimentos”.
Após essa primeira abordagem, direcione a atenção da criança para outra coisa, seja mostrando algo interessante ou fazendo algo incomum com a intenção de distraí-la. Vale convidar para encontrar um produto, como se fosse uma caça ao tesouro, ou mesmo a encontrar três objetos da cor vermelha.
Como a escola reforça esse aprendizado
No ambiente escolar, esse processo também é reforçado. Segundo a coordenadora, a rotina estruturada, as rodas de conversa, as atividades lúdicas e a contação de histórias ajudam a desenvolver empatia, autocontrole e convivência. “As crianças precisam de adultos que escutem e validem suas emoções sem julgamentos”, completa.
Se nada disso funcionar, tenha muita paciência e espere a birra acabar para iniciar tudo novamente, mas sem ceder ao objetivo da criança. Limites são importantes para a construção de uma vida emocional saudável.
A Fundação Educandário acredita que cada fase da infância é uma oportunidade de aprendizado. Pais e educadores caminham lado a lado nesse processo: quando acolhemos sem ceder, ajudamos as crianças a entender as próprias emoções, fortalecemos os vínculos familiares e escolares e preparamos o caminho para um desenvolvimento equilibrado.
Com paciência, acolhimento e limites, as birras deixam de ser um desafio desesperador e se transformam em oportunidades de aprendizado.