O Colégio Camillo de Mattos se destacou na competição literária “Professora Zoraide Rocha de Freitas” promovida pela Fundação do Livro e Literatura de Ribeirão Preto na 23ª Feira Internacional do Livro – FIL. As alunas Pietra de Souza e Esther de Jesus do 8º ano conquistaram o primeiro e o segundo lugar, respectivamente, na modalidade poema, que reuniu participantes de diversas instituições educacionais públicas e privadas de Ribeirão Preto e região.

Neste ano, a competição teve como tema “O galo guerreiro”, inspirado no poema Galo Galo, de Ferreira Gullar. Pietra explicou o processo de escrita para alcançar o primeiro lugar. “Eu pesquisei sobre o poema e, principalmente, sobre o Gullar. Li outros textos do autor e busquei interpretar o que ele quis dizer”. Apaixonada por livros desde criança, ela afirma: “Minha mãe sempre me incentivou a leitura e sou muito orgulhosa disso. Tenho um sonho em ser escritora, não sei se vai dar certo, mas quero escrever pelo menos um livro”. 

Já a aluna Esther esclareceu que não tinha muito costume de ler, mas isso mudou quando entrou no Colégio Camillo de Mattos. “Esse interesse maior surgiu no 7ª ano, agora eu já tenho uma certa história com a leitura”. Apesar disso, ela sempre escreveu como forma de se expressar. “Escrevia no dia a dia, tinha também um diário, então a escrita era mais presente para mim”, disse. 

No discurso de agradecimento, as duas alunas enalteceram o trabalho da professora de língua portuguesa, Madelaine Pires Guarda, que estimulou os estudantes a criarem poemas com a temática e ao Colégio. “Eu quero agradecer a Madeleine pela oportunidade. Acho que não conseguiria esse resultado sem ela. Também agradeço a minha escola porque foi ela que fez eu conhecer esse mundo da leitura”, discursou  Esther. 

De acordo com a coordenadora educacional Renata Rossetto, as alunas ganhadoras se esforçaram e mereceram o resultado da premiação. Além disso, o resultado positivo serve de estímulo para outros estudantes explorarem e valorizarem a riqueza da literatura. 

Confira os poemas na íntegra:

 Homem-Galo, de Pietra Souza

No púlpito da existência, o galo proclama,

Sua voz, um prelúdio da manhã que inflama.

Homem na pele de ave, ao destino se entrega,

Em seu canto, a linha tênue da vida se integra.

Sob a abóbada sagrada, a igreja se assemelha,

Ao matadouro dos sonhos, onde a fé se espelha.

O sacrifício se desdobra, a lâmina em serenata,

Fende a carne, mas não o ânimo que a alma retrata.

Eterno é o enigma, promessa que se afasta,

O homem-galo, diante do tempo, se contrapõe, basta.

Na alegoria da criatura de plumas e canto,

Medita sobre o término, seu reflexo, seu encanto.

Entre súplicas e penas, o clamor se eleva,

Na eternidade do momento, a verdade se revela.

A Inquietude de um Galo, de Esther de Jesus

O galo infame e impetuoso

De um jeito suntuoso e inquieto

Indo aos seus últimos rastros

Tais quais solitários ecoam no vigário!

Seus olhos que a solidão devora

Logo, vai embora.

Indo em rumo ao calvário,

Dando seus últimos passos!

Dentro de si surge um canto,

De porte vigoroso

Sucumbindo-se de si, cogitando seu triste fim!

Pobre galo vestido de homem.